A resposta imunológica às vacinas contra covid-19 tende a diminuir com o passar do tempo, conforme apontam estudos, mas a boa notícia é que esse fator pode mudar com a prática de atividades físicas, segundo um novo estudo realizado por pesquisadores da USP. Os dados em questão foram divulgados no final de dezembro na Research Square, em fase de pre-print — ainda sem revisão de cientistas externos. As informações são do “Jornal da USP”.
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A pesquisa analisou 748 pacientes do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), com objetivo de compreender a associação entre a prática de exercícios e anticorpos anti-Sars-CoV-2 persistentes, seis meses após a imunização com duas doses da Coronavac em pacientes com doenças reumáticas autoimunes (artrite reumatoide, lúpus, esclerose sistêmica, miopatias inflamatórias, entre outras).
“A proposta é desenvolver estratégias para aumentar a durabilidade da imunogenicidade, bem como priorizar os indivíduos para receber uma dose de reforço. As evidências que sugerem que a atividade física pode atuar como uma espécie de adjuvante das vacinas são de extrema importância”, pondera Bruno Gualano, primeiro autor do artigo, professor do Departamento de Clínica Médica da FMUSP e especialista em fisiologia do exercício.
O estudo
O estudo considerou ativas pessoas que praticam alguma atividade física por pelo menos 150 minutos semanais, conforme parâmetro da Organização Mundial da Saúde (OMS). Dos 748 analisados, 421 eram ativos e 327 inativos.
A imunogenicidade persistente (capacidade de proteção da vacina a longo prazo) do grupo foi avaliada a partir de exames sorológicos para identificar as taxas de soropositividade (presença de anticorpos contra o coronavírus). Segundo Gualano, aqueles que eram fisicamente ativos exibiram taxas de soropositividade mais elevadas do que os inativos. “Para cada 10 pacientes inativos que apresentaram soropositividade, 15 ativos tiveram o mesmo resultado”, destaca.
A partir dos dados e resultados da pesquisa, o primeiro autor do artigo conclui que a atividade física parece intensificar e prolongar a resposta das vacinas contra covid-19. “Se isso se confirmar, teríamos uma ferramenta barata e potencialmente capaz de reduzir a baixa resposta vacinal de grupos de risco, como pessoas com sistema imune disfuncional”.
Contudo, mais uma vez a prática de atividades físicas se mostra necessária para uma melhor qualidade de vida. “Um estilo de vida ativo pode exercer papel crucial no combate da covid-19”, finaliza o pesquisador.